A relação entre casos confirmados e número de óbitos divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) vem mostrando que a letalidade do novo coronavírus vem caindo em Goiás.
Há duas semanas, no dia 13 de maio, havia 1.225 casos e 61 mortes. A razão casos/óbitos por covid-19 era, naquela data, de 0,0498 (conforme quadro abaixo). Ou seja, estabelecia praticamente um porcentual de 5% de letalidade.
Por esse quadro, percebia-se a baixa quantidade de casos registrados até 19 anos e a ausência de mortes até 29 anos, no balanço de duas semanas atrás. Havia também a liderança da faixa de 20 a 39 anos no número de registros.
Com os dados desta terça-feira, 26/5 (quadro abaixo), Goiás chega a 2.717 casos, com 108 mortes, com essa razão estando agora em 0,0397.
Isso demonstra que a curva de mortes nesses 13 dias avançou menos do que a curva de novos contaminados, o que causou essa queda de um ponto porcentual, para 4%, na letalidade da doença.
Trabalhando sobre os números desta terça-feira, é interessante ver que não há grande alteração na porcentagem de registros de contaminados por faixa etária comparando-se os dados de 13/5 e 26/5, mesmo alcançando nesta última mais do dobro de casos.
Percebe-se que a faixa entre 20 e 59 anos é responsável por 78% do total de casos e 28,7% da soma das mortes. Observa-se também o registro dos dois primeiros óbitos na faixa de 20 a 29 anos.
A faixa de 30 a 39 anos continua a concentrar o maior número de casos, mas a letalidade do coronavírus é baixa, de 0,9%.
Já a faixa etária acima de 60 anos, dentro do chamado “grupo de risco” para a covid-19, concentra apenas 16% dos casos, mas 71% das mortes.
Pelos números das faixas de 70 a 79 anos e de 80 anos acima, essa letalidade é a mesma: 26% (razões de 0,2615 e 0,2603, respectivamente).
É um índice preocupante para os idosos goianos, por ser bem acima do padrão que se tinha na fase chinesa da pandemia, quando eram de 8% (70-79) e 15% (80 acima).
Hipóteses
Existem duas hipóteses para entender a queda na letalidade: a primeira é que ela tenha variado por uma testagem mais ampla, o que explicaria, portanto, uma curva mais acentuada do número de confirmações de doentes (mais testes, mais confirmações).
A outra é levar em conta que a qualidade do tratamento, de alguma forma, possa ter melhorado e isso tenha salvado mais vidas. De alguma forma, a experiência em lidar diretamente com uma enfermidade nova leva naturalmente a um melhor manejo por parte dos profissionais de saúde.
Um fator importante, de qualquer forma, é que Goiás continua sem apresentar estresse em seu sistema de saúde em relação à covid-19. Curiosamente, essa é uma constatação em todos os Estados do Centro-Oeste, que estão podendo combater a pandemia com certa tranquilidade e, dessa forma, tendo tempo para preparar mais leitos, equipamentos e unidades hospitalares.

Entretanto, um fato preocupa cada vez mais: o descompromisso cada vez maior com o isolamento social. Goiás está sempre nos últimos lugares entre as unidades federativas, quando se fala desse índice.
Esse descuido se dá principalmente por parte de quem se contamina mais (jovens e adultos), mas tem menos risco de morte. São essas pessoas que precisariam exercer a empatia para evitar que o vírus comece a circular de forma mais intensa e que a contaminação se eleve repentinamente, atingindo os idosos acima de 70 anos, que são uma fatia pequena do número de casos, mas frágeis: de cada quatro que se contaminam, um perde a vida.
O cenário observado em reportagens-denúncia em outros Estados, sem leitos disponíveis, com fila de espera por vagas em UTI e comprometimento nas condições de trabalho dos profissionais de saúde, é tudo o que não é desejável.
Para prevenir esse tipo de notícia, que se vê infelizmente no Norte, no Nordeste e no Sudeste do País, no momento só existe uma solução: ficar em casa.
O portal Estádio das Coisas apoia as medidas
de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus.
#FiqueEmCasa #SeSairUseMáscara